quinta-feira, setembro 12, 2013

Avaliação Global

Ontem foi o dia da tal Avaliação Global no CRER, levantamos cedinho, pra não correr o risco de chegarmos atrasados como na quarta-feira passada e também não alteraria em nada, porque passei a noite em claro por conta dessa dor no estômago que já me acompanha há quase 2 semanas mais a ansiedade pra saber como seria esta nova etapa.

Às 5:15, mami me chamou e começamos as nos arrumar, todos ainda bem sonolentos e talvez por isso ainda calados, saímos de casa exatamente as 5:50, quando abriu o portão ficamos perplexos com a beleza do nascer do sol à frente, como Deus é perfeito em tudo que faz mesmo. E assim seguimos para Goiânia, afinal ninguém queria chegar atrasado novamente e passar a manhã inteira esperando para ser atendido, porque fomos colocados no final da fila, pelo atraso.
E como o "seguro morreu de velho" chegamos quase 1h antes da marcada, sendo assim, o hospital estava relativamente vazio, silencioso e tranquilo....resultando no atendimento antecipado.
Enquanto era descida do carro, me deparei com uma coisa, que muito
provavelmente ninguém repararia, inclusive eu antes de tudo, as vagas acessíveis, são realmente acessíveis - acredite, elas são largas e realmente cabem o carro e ainda tem o espaço necessário para abrir a porta, colocar a cadeira de rodas e o passageiro descer sem se preocupar com o carro ao lado e nem se machucar por está apertado e sair batendo em tudo, impedido de abrir totalmente a porta (que já são tragicamente inacessíveis ) e nem precisamos ficar preocupados em arranhar o carro ao lado, devido a falta de espaço. EU sei que para todos, ou maioria das pessoas, isso é totalmente irrelevante, maaaas sério....sempre me indigno quando passo por constrangimentos desnecessários por ai.
Enquanto mami empurrava a cadeira, avistei aquele letreiro prata que
formava a palavra CRER e logo pensei...que nome providencial, afinal de contas se cada um daqueles pacientes que estavam ali, não acreditassem, de nada adiantaria todo esforço da equipe médica, todo tratamento e equipamentos...e realmente é visível a diferença, nesses 2 anos vi e conheci pessoas incríveis de fé gigantescas, mas também conhecemos pessoas sem fé alguma...como são abatidas, perdidas, desmotivadas, e até mesmo desesperadas...pois não possuem uma fé que te motiva, que te faz acreditar que tudo vai ficar bem. Assim, pensei...eu não só CREIO, como eu creio num Deus vivo que tudo PODE e que tudo irá ficar bem, como deve ser segundo a Sua vontade.
Assim, fomos levados ao ginásio que fica do lado esquerdo da recepção (não consegui ler o nome, porque minha visão esta cada vez mais
afetada, então só consigo ler letreiros gigantes e que estejam bem perto de mim), nos deixaram numa sala e pediram que aguardássemos a equipe...não passou nem 5 min. e chegou a médica Drª. Mara e fisio. (que não se apresentou pelo nome, então não sei ainda como se chama- hahaha). Pediram que eu começasse a contar minha história, depois fizeram alguns exames de tato e falaram as palavras que eu estava esperando e pedindo a Deus desde que surgiu essa nova possibilidade de tratamento no CRER.
A fisio, disse que a Fernanda (minha querida fisio daqui de Anápolis) estava no caminho certo...sendo totalmente cuidadosa comigo, pois como não se tem um diagnóstico fechado, o profissional deve trabalhar com a condição do paciente...como tem dias que estou bem...a sessão render super bem, mas tem dias que só com a fisio passiva sinto-me como se estivesse corrido a meia maratona. E que por conta disso iremos começar com 1x por semana e suspender as sessões daqui...até eu conseguir ganhar resistência, conforme minha musculatura for respondendo, elas poderão aumentar a frequência do tratamento e liberar as sessões da fisio daqui de Anápolis....até porque, lá serão sessões de fisio, terapia ocupacional e psico - o que demanda além de muito tempo, muito esforço e cansaço.
Devo confessar pra vocês, não resisti e abri logo um sorriso gigantesco, uma lágrima escorreu dos meus olhos e perguntei: Então não vou ter que ficar internada pra reabilitar, né?? Elas disseram que NÃO, porque no meu caso, o tratamento é delicado, longo (sem previsão de alta) e cuidadosamente devagar...por isso internação não resolveria...meu coração até disparou de alegria, não pude conter minha felicidade de saber que Deus, mais uma vez respondeu minha súplica. Mesmo que não pareça bom pra muitas pessoas, mesmo que tenha sido pesaroso pra minha família saber que este processo ainda não tem data pra terminar, mesmo que tuuuuudo parecesse melhor estando internada e mais rápido, Deus sabia do meu desespero e da minha condição emocional....não é segredo pra ninguém que fiquei muuuuito traumatizada no SARAH, que um mês que passei lá, ultrapassou tooodas internações que tive nesses 2 anos, e que por isso meu limite foi extrapolado em Abril, portanto outra internação com certeza eu não aguentaria (Essa provação eu não seria aprovada, por isso Deus não me deu).
Depois do alívio com esta notícia, vieram a dupla de assistentes sociais... conversaram um pouco conosco, sobre família, rendas, direitos e benefícios e finalmente chegaram a terapeuta ocupacional que perguntou tudo sobre a minha rotina diária, das coisas que eu fazia antes e que não consigo mais fazer, o que eu gostaria de voltar a fazer com prioridade e depois a psicóloga fez umas perguntas também nesse sentido e no fim perguntou se gostaria de separar um tempinho nos dias da minha reabilitação para podermos conversar.
Avaliação terminada e enquanto a equipe saia para reunir-se e decidirem o que seria feito no meu caso, olhei para os meus pais exaustos, com dores, com a fisionomia abatida...e pensei comigo: Será que fui muito egoísta em pedir a Deus pra não ficar internada pra acabar com isso logo, porque eles não aguentam mais? Será que seria melhor e mais rápido a minha recuperação? Será que eles oravam ao contrário, pedindo uma vaga de internação? Depois tive a certeza que não. Por mais que seja uma gasto maior ir pra Gyn  toda semana, por mais cansativo que seja pra coluna do meu pai dirigir sozinho daqui pra lá, por mais demorado que pareça, tenho certeza que seria muito pior Mami e eu ficarmos lá sozinhas longe do meu pai e do André, internadas....ela esta atacada da artrose, na terça foi ao médico de encaixe pra poder tomar uma injeção emergencial, ou seria isso, ou seria uma internação...agora imagine, ela ter que ficar dormindo em uma cadeira, ou seja lá como, depois de um dia inteiro de cuidados comigo?!?!?! Parece uma tragédia, né??? Por isso, Deus teve misericórdia de nós.
A equipe voltou, nos disseram que me foi recomendado uma vez por semana a reabilitação (que será fiso + terapia ocupacional + psicóloga), uma consulta com a pneumologista (pra poderem ver como está a questão dos meus pulmões, uma vez que no último exame do SARAH, o resultado foi alterado, dando um pulmão relativo a um idoso de uns 70 anos  e sedentário, a Liliam e a Ludmilla que o digam, todas tentativas de fisio respiratória foram traumáticas e resultando até em 5 dias internada no oxigênio), uma consulta com a geneticista para poderem ver a possibilidade de fazer alguns novos exames, dentre os quais aqueles que estou esperando o HC de Curitiba me chamar até hoje e nada;  e a médica em particular....decidiu entrar em contato com um neuro- pediatra no  Hosp. para ver com ele, se há possibilidade dele aceitar meu caso, pois ele é um pesquisador que adora casos complicados sem diagnósticos fechados, além dele ter parceira e pesquisas com vários médicos renomados da neuro do HC de São Paulo.
Após as decisões serem ditas, o encaminhamentos entregues, nos disseram que já começaríamos a reabilitação nesta sexta às 8:20 da manhã, que me esperavam lá  para começarem os trabalhos cautelosos, mas contínuos, buscando o meu bem-estar e a famosa (frase que mais ouvi nesses 2 últimos anos) qualidade de vida.
E como eu fiquei quando a avaliação terminou? Olhei para os lados...vi aquela multidão de gente de todas as idades, cores, situações financeiras e problemas....e pensei: Como sou abençoada e amada por Deus, Ele cuida de cada detalhes e sabe do que sou capaz, e se esta é a minha cruz, a minha provação...eu vou seguir com fé, por quanto tempo e como será eu não sei... mas isso, hoje não importa mais, porque descobri um novo jeito de ser feliz, de ver a vida, não com estes olhos afetados..mas com os olhos da esperança, da fé, do coração.... com olhos de gratidão. 
Bjús com carinho!